Quem anda pelas ruas de Lisboa certamente reparou que em alguns dos cartazes eleitorais do CDS/PP (o que diz em letras garrafais “VOTO ÚTIL” com a cara de Paulo Portas a dividir as palavras) foi adornado com uma pequenina bola vermelha, colocada estrategicamente no centro, mais precisamente no nariz do líder do partido. O que uma simples bola vermelha é capaz de dizer...estavas bem era no circo!
A política está de facto transformada num autêntico circo. Todos dizem o que querem, acusam-se uns aos outros, pedem desculpa mas no fundo não fazem nada! Tenho sérias dúvidas de que a minha geração, pelo menos na sua maioria, se venha a interessar a sério pela política. Desde que me conheço como pessoa que presta alguma atenção a poliquices (que infelizmente é do que se fala hoje em dia), que vejo sempre as mesmas caras com os mesmos discursos cravados de promessas e utopias. O Bloco de Esquerda ainda veio dar uma lufada de ar fresco à cena política mas não deixa de enveredar, em muito do que defende, pela via da utopia, mais do que pela realidade.
Eu não vou dizer muito mais porque simplesmente não gosto de discutir ou sequer de falar de política. Nunca estive muito para aí virada. Mas ficarei profundamente desiludida com Portugal se Pedro Santana Lopes vencer as próximas eleições. O que a bem dizer, a uma escala mais reduzida, significava contradição igual à que aconteceu nos EUA com a vitória de Bush. Todo o mundo estava contra, mas ele conseguiu manter-se no pódio.
Aliás, no que toca aos EUA é incrivel como se consegue fazer o povo acreditar nas coisas. De modo discreto as pessoas foram acreditando, por exemplo que era necessário invadir o Iraque porque haviam armas de destruição massiça. E mesmo depois do falhanço da descoberta, houve quem pensasse que os EUA tinham encontrado as tais armas, e muitos outros acreditaram que o Iraque tinha usado as armas durante o conflito.
A desculpa que nunca foi facto, todavia serviu para ludibriar as pessoas e fazê-las crer que foi uma guerra necessária para assegurar a segurança e a superioridade da nação. Uma guerra para prevenir males maiores. Uma guerra preventiva que ainda não acabou, que se pensa ter servido para resolver o que quer que seja, mas que todos os dias continua a matar civis e militares e a destruir um país devastado.
É esse o discurso que os vários governos dos EUA levam a cabo para conseguirem seduzir o povo, que logicamente não resultam tão bem no exterior, que não se incluiu no conceito de nação que tanto se preza por aqueles lados. Criar a ideia de que o poder e a segurança possam estar ameaçados. E isto soa-me demais a ditaduras disfarçadas para que consiga acreditar.
Um dos lemas da National Security Strategy diz assim (e não é preciso acrescentar mais nada): Our forces will be strong enough to dissuade potential adversaries from pursuing a military build-up in hopes of surpassing, or equaling, the power of the United States. Quem quer que possa constituir ameaça a estes principios poderá ser o próximo alvo.
Por estes dias fala-se da invasão do Irão, o que a ser verdade é considerado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano “um erro estratégico monumental”. Também não se pode dizer que esta intenção contida do governo de Washington, revelada por Bush numa entrevista à NBC, seja novidade. De vez em quando os EUA fazem questão de lançar estas guerras psicológicas. Mas é de facto grave tendo em conta que, apesar das autoridades iranianas negarem, há suspeitas de que as suas instalações nucleares possam estar a ser utilizadas para produzir armas nucleares. Tudo aponta nesse sentido, e mesmo assim Bush afirma sem pejo que não está fora dos seus planos uma invasão militar ao Irão. Londres já se mostrou contra, o que não tem qualquer relevância. Os EUA se quiserem passam por cima de todos os que se levantarem contra as suas políticas de superioridade. Não foi isso que aconteceu no Iraque? E o resultado está a vista.
O problema com o Iraque, mais do que os estragos no país e a devastação das vidas que ainda lá habitam ,é que o precedente que criou. Enveredou-se por um caminho que pode servir de exemplo a outras futuras intervenções militares sem motivo concreto, definido e válido para todo o mundo. Esperemo que não seja o Irão...
Patrícia
segunda-feira, janeiro 24
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