terça-feira, março 1

Desabafo

Gostamos do que fazemos. Esforçamo-nos para que isso transpareça nos temas que escolhemos para os nossos artigos e nas palavras que seleccionamos para os nossos textos. Ainda assim, dia após dia, é só a vontade e o gosto de fazer que nos levanta da cama todas as manhãs. Ninguém reconhece o bom e o mau do que fazemos. E mesmo na altura de compensar o trabalho, ao fim do mês, tentam iludir-nos com histórias para nos pagarem menos do que realmente merecemos.
Um ano e meio depois eis que cheguei a uma altura em que já não consigo acordar todos os dias por gosto. E ainda assim não sei o que posso fazer para que situação mude. Parece que estão todos preocupados demais com as políticas de merda neste país. Só se fala nisso, só se escreve sobre isso, só se valoriza isso.
Depois, à custa disso, uns são filhos e outros enteados. Uns são convidados e outros penduras. Ums são contratados e outros são trabalhadores por contra prórpia forçados. Uns são pagos e outros são explorados. Uns têm mais do que um emprego e ganham bem nos dois e outros não conseguem sequer pagar as contas.
Os cinco anos que se passam numa universidade a pensar que vão servir-nos para construir certezas no futuro não servem de nada. Lutamos todos os dias para que tenhamos uma situação melhor, estável pelo menos, e quando pensamos estar perto de o conseguir, recuamos dois passos. Um para a frente e dois para trás... E vamos seguindo na esperança de que um dia alguém olhe para nós e nos puxe para o grupo dos filhos. No grupo dos que fazem parte do grupo. Dos que não fazem assim tanto, mas ganham mais dos que enteados... Afinal, são filhos da casa... Seja lá o que isso for... Eu ainda sou enteada.

1 comentário:

Anónimo disse...

pois... a razão está toda contigo.
ha dias em que secalhar, só secalhar, fura-se por entre esta ilusão do dia a dia e percebe-se que o melhor era ser carpinteiro.
que isto de correr por gosto cansa mesmo, que ao fim e ao cabo se gosto do que faço, vou mas é faze-lo para mim, que a mim não devo nada nem nunca vou dever de certeza.
mas amanha é outro dia...