segunda-feira, março 28
Ghosts of the great highway that's life
Quando era pequena fascinava-me visitar as pessoas em casa. Ver como é que ditribuíam os móveis e objectos, como é que davam vida às paredes. Não me tornei decoradora, nem pouco mais ou menos, apesar de ter a mania das mudanças e de não suportar ter o meu quarto, por exemplo, sempre da mesma maneira. Mesmo que os objectos sejam os mesmos todos os dias, têm que ser mudados de sítio para parecerem outros e para eu própria me sentir num sítio diferente.
Quando era mais pequena não percebia como é que as pessoas eram capazes de se desligarem de um sítio e partirem para outro, como se nunca por ali tivessem passado, levando mobílias e pertences encaixotados num camião. Muitas vezes deixando tudo para trás. Faz parte de nós aquilo que vamos acumulando. Todos os objectos têm uma história. Assim como as paredes das casas vão acumulando histórias e momentos que nunca poderão ser contados e só são sentidos e lembrados por quem ali passou.
Já vivi em duas casas diferentes às quais nunca chamei lar. Não sei quem nelas viveu antes de mim e quem virá depois de eu sair. Mas posso chamar de lar a uma casa que vi crescer, devagar. E que cresceu comigo e à medida dos sonhos dos meus pais. Quando era pequena pensava que nunca ía sair dali, que era ali que eu me sentia protegida porque tudo ali era meu, nosso. Hoje, apesar de viver mais num prédio de muitos que pouco me diz, sempre que volto para casa reencontro o conforto do sofá e da lareira. Ali estão todos os objectos que fizeram de mim quem hoje sou: as bonecas, os diários de adolescente, os livros, as fotografias... E hoje ainda me custa perceber como é que há pessoas que se desligam tão facilmente do que têm. Sem verdadeiras. Sem lar. Vivem de lugares comuns e sem um espaço próprio e único ao qual possam chamar seu.
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