segunda-feira, setembro 3

Delicate*




Ali ao fundo, no reflexo dos raios de sol naquela água salgada estão todos os meus fantasmas, que se escondem quando os engano ao quebrar a rotina, mas que voltam a assombrar-me quando o dia-a-dia se torna um fardo pesado de carregar.
Ali estão todos os nossos sonhos que vão sendo adiados, que vamos deixando para segundo plano porque não temos tempo para nos lembrarmos deles.
E eu queria ter a certeza de que não estou a perder tempo, tenho medo de não conseguir perceber suficientemente os meus motivos, de não saber julgar o que deve ou não ser feito, se devo continuar ou não. Tenho medo de me deixar arrastar e acordar um dia, olhar para trás e perceber que não construí nada, que me enganei a mim mesma, que não fui capaz de virar à direita ou à esquerda e preferi seguir em frente, pelo caminho mais fácil.
Como é que se têm certezas?
Devo estar a passar pela crise dos quase 26 anos, começamos a olhar para trás e a querer outras coisas para nós agora... pessoas que nos amem incondicionalmente, que nos compreendam em vez de nos julgarem, que nos completem em vez de nos deixarem sem rumo a apanhar as peças que vão deixando espalhadas. Eu tento encontrar um sentido, tento fazer um puzzle com todas as peças, mas no final não consigo perceber se estão bem colocadas. Porque não basta encaixar bem as peças, é preciso encontrar um significado naquilo que construímos com elas.
Apetecia-me pegar no carro e conduzir sem rumo a noite toda com a música a ensurdecer-me os ouvidos. Sinto-me aliviada quando o faço, quando conduzo perdida em mil pensamentos, distraída pelas vozes que me fazem companhia e me gritam aos ouvidos palavras sem nexo.
Não fosse tão tarde e era isso que eu fazia, partia para o desconhecido.

E a banda sonora assenta que nem uma luva...

We might live like never before
When there's nothing to give
Well how can we ask for more
We might make love in some sacred place
The look on your face is delicate

So why'd you fill my sorrow
With the words you've borrowed
From the only place that you've known
And why'd you sing Hallelujah
If it means nothing to you
Why'd you sing with me at all?


*Delicate, Damien Rice

3 comentários:

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=cBBKykf2xu8


Nunca sabemos se os passos que damos sao os correctos ou não...so podemos pedir é para tomar as decisões certas..as vezes falhamos...

Anónimo disse...

Era bom virmos com livro de instruções, né? Acho que é por isso que se diz que somos nós que construimos o nosso destino: porque somos nós que escolhemos viver à esquerda ou à direita. Umas vezes segues a cabeça, outras o coração: é aquele que gritar mais alto. Mas sinto que não te vais perder e vais encontrar o teu caminho de volta... :)

Tomei a liberdade de colocar um link para o teu blog no meu...

http://baby-steps.blogs.sapo.pt/4706.html

Beijo muito grande,

Joana

Sara disse...

Tu com os teus quase 26 e eu quase com os meus 30... mas não acho que a idade seja determinante. Quero antes acreditar que somos pessoas que lutamos sempre em busca de algo melhor, que às vezes não sabemos que caminho seguir, que às vezes também nos deixamos acomodar só para conseguir respirar, mas que ainda assim sabemos o que queremos.