Todos temos os nossos problemas. O ser humano é um bicho insatisfeito por natureza. E, por muito que diga que não, está sempre a olhar para o vizinho para ver se a vida que leva é melhor do que a dele.
Impossível ser diferente.
Desde pequenos que nos vemos confrontados com a partilha, de atenção dos pais, dos brinquedos com os irmãos e com os primos. Depois vem a competição. Na escola queremos sempre ser melhores, ter mais atenção dos professores, dar mais nas vistas, sermos mais giras do que a outra barbie que tem os rapazes da turma todos atrás dela. Entrar no grupo.
Mais tarde vemo-nos obrigados a competir, outra vez, por uma vaga numa universidade. Por uma porcaria de décimas ficam de fora uns, para outros tomarem os seus lugares num curso que lhes vai traçar uma profissão. Se bem que hoje em dia já nem isso temos como certo. A profissão surge-nos um pouco por acaso, é o que houver para fazer e onde se ganhar mais dinheiro.
À procura de emprego competimos com milhares na mesma situação. No emprego queremos sempre dar o nosso melhor para sermos reconhecidos, para ganharmos mais, para sermos promovidos, para ganharmos ainda mais. Para nos sentirmos realizados.
E nunca estamos bem, queremos sempre mais, queremos chegar onde o outro está. Queremos ouvir que somos bons no que fazemos. Queremos pensar que temos uma boa vida. Queremos que os outros pensem que temos uma boa vida. Pensar apenas. Porque no fundo, nunca nada vai ser perfeito. Há sempre mais um degrau para subir...
No amor é a mesma coisa. Fazemos de tudo para conquistar aquela pessoa que achamos que é a outra metade da laranja, perdemos meses, anos a tentar mudá-la, trazê-la para nós. Competimos por ela. Não dormimos por ela. Inventamos mil estratégias para nos cruzarmos com ela, para estarmos perto, para impôr, discretamente, a nossa presença. E pensamos que conseguimos, tudo está bem até que... aparece outra pessoa, vinda não sabemos de onde, não percebemos porquê, como aquilo aconteceu. E muda tudo. Transformamo-nos. Tudo em vão. Estamos de rastos, mas seguimos em frente, partimos para outra.
No fundo, não mudou nada, mas nós queremos acreditar que sim. Precisamos acreditar que é melhor assim, que não era aquilo, não, aquilo não era nada comparado com isto, agora...
Quando realmente conseguimos conquistar alguém, e nos deixamos conquistar, a vida troca-nos as voltas. Deixa-nos assim sem objectivo. Perdidos em dias comuns sem saber muito bem o que fazer com eles. Com um troféu que polimos de vez em quando e depois deixamos na prateleira para nos lembrar que está lá para quando precisamos dele. Não lhe damos o valor devido, porque ele está sempre ali. E só quando alguém o muda de sítio é que sentimos a sua falta. E saudades dos dias comuns que nunca mais o foram e do tempo em que fazer nada era uma rotina agradável...
Será que nada, nunca é perfeito?
segunda-feira, janeiro 22
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1 comentário:
Mas podemos sempre melhorar, acredito nisso e tento ser um cidadão activo e consciente. Afinal se não for para isso o que é que andamos cá a fazer?
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