quinta-feira, abril 26

Damaged



É assim que me apetece estar. Sentada numa cadeira a olhar para o vazio. À procura de alguma coisa que me chame a atenção, que me desperte para outra realidade. Hoje cheguei ao escritório e percebi que dentro de uma semana seria uma das 5 pessoas mais antigas daquela casa. É tudo tão estranho... Continuo ainda com mais força para continuar e fazer o meu trabalho melhor do que nunca, agora que ele é mais preciso do que nunca.
Não posso deixar, contudo, de comparar situações, embora não tenham muito em comum. Quando o jornal A Capital estava prestes a fechar o único a abandonar o barco foi o Director. A redacção, os jornalistas, nós permanecemos ali até ao último dia. Bem depois do último dia, aliás. Depois da última edição ainda marcávamos cafés, ainda dávamos um pulo à minuscula sala de café e sentíamos aquele vazio e aquele silêncio entranharem-se na pele, e doía. Custou-nos muito a aceitar que aquilo era o fim, a abandonar o barco quando ele já não existia e estávamos todos a pôr os coletes salva-vidas o mais depressa possível para não ir ao fundo.
Aqui a crise não é a falta de dinheiro, a falta de clientes, mas a saída de grande parte dos colaboradores com mais experiência. Assim uns a seguir aos outros como se fosse agora ou nunca, "se tu vais eu também não fico" e assim sucessivamente. É claro que não é perfeito, nada é perfeito, mas será que numa altura destas não se deve dar uma segunda oportunidade? Eu estava no desemprego quando me deram a mão e me ensinaram tudo o que eu sei hoje. São coincidências apenas, certamente, mas que não se repetem muitas vezes.
Seguir em frente é o que devemos fazer. De uma maneira ou de outra, é bom saber que temos um sítio onde precisam de nós amanhã...

quarta-feira, abril 25

Inesita

Dois dias depois nova saída. Desta vez a minha querida Inesita. Que não merercia a maneira como as coisas aconteceram. Ela que é certamente a pessoa mais correcta e honesta que eu alguma vez conheci e que era incapaz de fazer o que quer que fosse para prejudicar alguém.
Ontem foi um daqueles dias que passaram por mim sem que eu conseguisse encontrar um lugar para o viver. Inquieta, revoltada, triste, assisti à partida de uma amiga que entrou comigo neste barco há mais de um ano atrás sem saber o que esperar desta nova aventura. Vínhamos as duas com o jornalismo entalado na garganta. Desiludidas por estarmos a mudar de rumo sem saber se era mesmo aquilo que queríamos. A medo, mas com muita coragem, seguímos em frente. Ficámos conhecidas como siamesas. Mas nunca ví isso como uma coisa má. Eu sabia que podia contar contigo e tu sabias que podias contar comigo e era só isso. Mas era isso, é ainda isso, que muitos não entendem, uma amizade sem interesses. Os nossos almoços a correr, as nossas cafezadas na Alameda, a festa que fazíamos quando conseguíamos uma Tv num evento qualquer. Tu rias sempre quando eu desligava o telefone e abanava os braços, queria apenas dizer que tinha mais uma confirmação para o evento. São apenas algumas das coisas que vou lembrar com carinho.
Sei que vais ficar bem. Que este é um ano de mudanças na tua vida, esta é apenas mais uma a que te vais adaptar facilmente, tenho a certeza, just have a little patience :).
E eu vou estar deste lado como sempre para continuarmos a partilhar os nossos pequenos mundos. E isso nunca vai mudar...

Marcamos então aquela almoçarada?
Um beijinho grande e até já...

sábado, abril 21

A Alegria do Tejo

Ela era uma daquelas pessoas que se conhecem pelas circunstâncias da profissão. Sim, o nome Alegria não me era estranho. Já tinha ouvido a voz e o riso dela do outro lado do telefone a perguntar-me se eu ia estar presente num evento qualquer...
Entrou no open space e encontrou os mesmos amigos de sempre, que tinha deixado há uns anos e também outras caras que cedo conquistou.
Não houve um unico dia em que a agência não tivesse parado para rir contigo. A tua simplicidade e sinceridade conquistou-me no dia em que partilhámos um pouco mais das nossas vidas, do que sentimos cá dentro. Do que nem está definido para nós, mas que precisamos de partilhar com alguém. E assim nasce uma amizade.
Hoje é o dia em que perdemos a tua companhia diariamente. Tentámos prolongá-lo ao máximo mas não deu para esticar mais as horas. Não, não é uma despedida e não, não chores que já chega... É um até já, uma até ao passeio prometido na tua canoa.
Para nós a Alegria serás sempre tu...

Sê feliz!

segunda-feira, abril 2

Hoje 2

O que é que fazemos quando julgamos viver histórias que não são nossas? Quando lutamos durante anos para depois nos apercebemos que não é nada disto que queremos? Pensámos que seria diferente e afinal é assim e é tudo o que tens. O que fazes? Segues em frente? Recuas. Continuas a fingir que está tudo bem, que a vida é perfeita até...