quinta-feira, agosto 31

à deriva

Não consigo lidar muito bem com o facto do sucesso do meu trabalho não depender apenas de mim.
Fazemos o melhor que sabemos e podemos.
Já me arranha a voz de tanto argumentar ao telefone...
Esgotei os números para onde ligar.
Tudo parece encaminhado.

Mas,
o editor não achou interessante,
o espaço não dava nem para uma breve,
era tarde demais para ir recolher imagens, ouvir pontos de vista...

E,
o meu esforço, o meu valioso trabalho resume-se a nada.
Não importa o que façamos, se não foi noticiado, se ninguém viu nada nem ouviu falar, foi um fracasso.

Não, não é justo. Sim, é trabalhar às escuras.
E amanhã começa tudo outra vez...

terça-feira, agosto 29

Memória



"Nem sequer sobrevivemos na memória dos outros. A ciência destruiu esse mito. Cada vez que recordamos alguma coisa, estamos na realidade a recordar a última vez que o recordámos, pois a memória não vai à marca original, à primeira coisa que se gravou, mas sim à última. A memória dos seres humanos é virtual, como a dos computadores. Ao abrir um arquivo, não estamos a abrir o que era quando o criámos pela primeira vez, mas sim o que ficou da última vez que o usámos. É o recurso mais sofisticado do nosso cérebro contra a dor".

Mentira de Henrique de Hériz

O livro que, por esta altura, ocupa a minha cabeceira e me faz companhia nas pequenas viagens de rotina...E, não sou eu que o digo, mas bem podia ser, é um dos melhores romances espanhóis das últimas décadas...

domingo, agosto 27

Dia 0 de mais uma semana

Mais uma viagem, a mesma de sempre, a mesma rotina.
À chegada peguei num saco que não era meu mas era igualzinho, o meu já não estava lá.
Pânico. As minhas roupas, os meus cremes e o meu perfume, a minha maquilhagem, os meus sapatinhos lindos, o meu carregador de telemóvel e o carregador do MP3... tudo nas mãos de outra pessoa, não sei onde, tudo perdido entre Viseu e Lisboa, sabe-se lá onde poderiam estar.

Abri o saco que tinha nas mãos. A primeira coisa que pensei foi: quando virem as minhas coisinhas lindas vão ficar com elas. Não consegui perceber o que estava dentro do saco: roupa suja misturada com uns chinelos de praia pretos de tão gastos e imundos, uma escova de cabelo cheia de cabelos e um secador dos anos 80. Pânico.

Fecho o saco e entrego-o juntamente com o meu número de telemóvel, para o caso da pessoa ser honesta como eu e querer os seus haveres.
Venho para casa de mãos a abanar. Pouco depois ligam-se.
O meu saquinho foi parar a Abrantes, deu uma voltinha maior do que o habitual, mas voltou para mim, com tudo lá dentro....

E eu penso no valor que damos às coisas, aos objectos. Podem não ser grande coisa mas são nossos, têm uma história. Que valor têm os nossos objectos quando já não os temos?

terça-feira, agosto 22

Silly season: dia nº 22

Sabem o que é que sabe mesmo bem?
Acabar o dia com a sensação de dever cumprido no trabalho
Calçar os tenis e sair para a rua...suar até ficarmos esgoatados
Chegar a casa... tomar um banho demorado...andar pela casa enrolada na toalha com o cabelo molhado a pingar a pele
Fazer uma salada de queijo fresco e salmão
Comer com preguiça e assistir à discussão entre o Eduardo Cintra Torres e o Luís Marinho no Jornal do Mário Crespo na SIC Notícias
Ouvir o Coiote da Antena 3 e escrever um post...
Ouvir o Indigente da Antena 3 enquanto leio, até adormecer...

segunda-feira, agosto 21

Teorias da felicidade

Há uma teoria da felicidade daquelas de trazer por casa que diz, na sua versão positiva, que quando tudo corre mal, virá algo de muito bom para amainar a tempestade e tranquilizar a alma. Depois há a versão negativa que diz que quando tudo corre bem avizinham-se desgraças e tormentos.

Eu não sou nada pessimista. Posso estar um pouco mais em baixo, desanimada, a pensar que não tenho nada do que quero ter, que ainda sou pouco do que quero ser, mas no dia a seguir já estou a arregaçar as mangas e a seguir em frente de cabeça no ar. Mas, (há sempre um mas nestas coisas), nos últimos dias, e isto de trabalhar em sáude também condiciona a coisa, dou comigo a pensar que a minha vida me anda a correr bem há algum tempo e que poderá vir desventura ao virar da esquina.

Quer dizer, na verdade estes pensamentos devem-se ao facto de saber que várias pessoas amigas, conhecidas, amigas de amigos estão a deparar-se com problemas de saúde, que no fundo é o essencial para tudo o resto. Como diz a minha sábia mãe, podemos ter tudo, mas sem saúde nada mais tem valor.

Ora eu que sempre fui uma rapariga saudável, exceptuando as minhas terríveis crises de rinite alérgica na Primavera, pergunto-me o que estará reservado para mim... Não fumo, não bebo bebidas alcoólicas, pratico desporto, não apanho sol em exagero nem nas horas de maior calor, tenho uma alimentação cuidada... Mas será que isto adianta alguma coisa, será que no fundo não temos já a nossa história traçada e caminhamos apenas ao encontro dela até ao juízo final?

terça-feira, agosto 15

De regresso

Voltei.
Dos lugares que nas últimas duas semanas me acolheram guardo o descanso e algumas decisões. Voltei com ideias novas, quer dizer talvez as mesmas ideias de sempre, mas agora com uma outra vontade, a de as concretizar, custe o que custar.

Tinha saudades deste meu cantinho e de tudo o que ele significa.

Amanhã volto a pisar terra firme, com algumas areias movediças às quais tenciono levar a melhor...